Cultivo celular: o que é e qual sua importância para a biomedicina

Sem dúvidas, uma das maiores descobertas da humanidade foi como realizar o cultivo celular de forma adequada. Indo além de entender que as células existem e que somos formados por elas, a sua separação e o eficiente cultivo celular nos levou a grandes possibilidades no campo científico.

Possibilidades como a identificação da ação de patógenos sobre nosso corpo e, indo mais além, o mapeamento definitivo do genoma humano não seriam possíveis sem a descoberta de como realizar o cultivo celular adequado.

É seguro dizer que sem essa descoberta, medicina moderna não seria tão moderna assim.

Neste artigo, vamos falar mais sobre o cultivo celular, mostrando sua história, suas principais aplicações e o que sua relevância na biomedicina representa para a sociedade moderna.

Podemos começar?

O que é o cultivo celular?

O cultivo celular é uma técnica já empregada há mais de um século. Seus primeiros registros remontam ao século XIX pelo fisiologista Wilhelm Roux, que apresentou a primeira técnica de cultura formal, conservando partes da medula de uma galinha em uma solução salina.

Mais tarde, Ross Harrison e Alex Carrel – esse último laureado com o Nobel de Fisiologia em 1912 – desenvolveram conjuntos de técnicas para aumentar o rendimento e a confiabilidade do cultivo celular, técnicas essas que pautaram o caminho do desenvolvimento da biomedicina até os padrões contemporâneos.

Basicamente, o cultivo celular diz respeito à possibilidade de manter células vivas em um ambiente que não seja o corpo originário das mesmas, através de um conjunto de técnicas que envolvem soluções preparadas com nutrientes, fatores de crescimento, temperatura controlada e outros pontos mais específicos para cada cultura.

O cultivo celular – também chamado de in vitro – foi um grande divisor de águas nos estudos citológicos: observar o desenvolvimento das células fora do corpo, tanto de animais quanto de seres humanos, nos trouxe um entendimento muito maior de como as células agem em determinadas situações, principalmente as adversas.

Tipos de culturas

O cultivo celular não é único: existem variâncias no processo relacionadas ao tipo de cultura sendo realizado. Separamos as principais manifestações do cultivo celular neste tópico, confira:

• Células primárias – são aquelas que se originaram a partir de um fragmento de tecido original, e portanto possuem as mesmas características do meio de origem.
• Linhagem celular contínua – são as pertencentes ao grupo que, passado algum tempo desde o início do cultivo celular, se proliferou com mais facilidade devido à adaptação ao novo ambiente. Essas células ainda possuem as características do meio original, salvo a diferença de capacidade reprodutiva, que nelas é maior.
• Células transformadas – como o próprio nome já diz, são as células que passaram por alguma interferência durante o cultivo celular que alteraram suas características. Essas interferências – que normalmente são feitas através de químicos, exposição à luz ou vírus – são diferentes do meio original.

Como o cultivo celular é aplicado?

O cultivo celular possui grande importância no tratamento e prevenção de doenças degenerativas, que nada mais são do que a expiração sistemática de células chave do corpo humano graças à ação de algum interventor, seja ele qual for.

Isso porque, através do cultivo celular, é possível realizar simulações de contágio e experimentar com tratamentos ainda não testados em seres humanos. Dessa forma, a cura pode ser encontrada sem a necessidade de cobaias, apenas com o cultivo celular.

Da mesma maneira, o cultivo celular nos traz a possibilidade de estudar os efeitos de produtos biológicos – como vacinas e anticorpos – nos próprios patógenos, bactérias e vírus, para saber qual é o tratamento mais eficaz para combater ou impedir sua proliferação.

A vacinação por si só já é uma grande conquista da humanidade, e ela só foi possível através do cultivo celular.

Desenvolvimento de pesquisas

As pesquisas relacionadas à biomedicina só foram possíveis através dos avanços do cultivo celular.

Muito além de trabalhar para criar vacinas, os biomédicos elaboram pesquisas específicas para elucidar o comportamento de células. Hoje em dia, praticamente todo o arcabouço de conhecimentos que possuímos da citologia só foi possível de se obter graças ao cultivo celular.

Essas pesquisas nos ajudam a entender nosso corpo com mais fidelidade, e identificar condições que propiciam males gravíssimos no nosso corpo.

O câncer, por exemplo, é amplamente estudado pela biomedicina, e a correta identificação das condições que favorecem o seu surgimento é devida, principalmente, ao cultivo celular e às informações que essa técnica traz aos biomédicos, cientistas e acadêmicos.

Isso sem contar à possibilidade da última fronteira da humanidade: a barreira reprodutiva é vencida pela fertilização in vitro, que na prática é a possibilidade de realizar um cultivo celular que resulta no desenvolvimento de um embrião.

O cultivo celular é mais do que criar vacinas: na verdade, sem ele nós não teríamos tantas informações à respeito do funcionamento do nosso corpo como temos hoje.

Entendê-lo é entender nosso desenvolvimento como espécie, e tentar adivinhar qual é o nosso futuro daqui por diante.

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(imagens: divulgação)